A Galiza Celta II: Céltigos e Galegos.

What my teachers [Haida and Navajo mythtellers] know that other people don’t is in their minds and in their cultures, not in their genes. If their cultures die, the knowledge that lives in them dies too, no matter how many children they bear or how well fed those children are, or wether or not they have the vote.

Robert Bringhurst, The Polyhistorical Mind (from The Tree of Meaning)

O que os meus mestres [os conta-contos Haida e Navajo] sabem, e outros nom, está nas suas mentes e nas súas culturas, nom nos seus genes. Se as súas culturas morrerem, o conhecemento que vive nelas morre tamém, tanto tem cantos nenos tenham ou o bem mantidos que estejam, ou que tenham ou nom direito a voto.

Introduçom

Na primeira parte deste artigo vimos as diferências entre o conceito de celtas que adoita empregar-se nos livros de texto e o que imos ver aqui, nomeadamente:

  • Os celtas nom vinherom de ningures, som a populaçom nativa da Europa Atlântica e formarom-se no sítio desde a pré-história em diante.
  • Os dados genéticos podem indicar a orige dumha populaçom, polas linhages de homes e de mulheres.

As línguas e os nomes de lugar podem conservar informaçom moi anterior ao que comummente se pensa. Já vimos que no caso do galego e asturiano os seus límites reflictem os das línguas que se falavam antes da conquista romana. A Teoria da Continuidade Paleolítica, do lingüista italiano Mario Alinei, proporciona-nos um marco onde situar estes achados.

Em princípio hai dados suficientes para supor que na Galiza houvo algum tipo de populaçom celta. Desde a Idade Media vários autores sostiverom a postura de que Galiza fora poboada polos galos ou por um povo relacionado com eles (Pereira Gonzalez 2003). A interpretaçom do nome Galiza como “Galia Pequena” é umha consecuência disto.

Neste artigo tentaremos precissar que importância tinha essa populaçom celta na Galiza, e cómo se relaciona co resto das culturas celtas.

Os autores clássicos: tomarmos a sério a Plínio

Os mais dos arqueólogos descartam os autores clássicos, gregos e latinos, como fonte de informaçom pola sua pouca fiabilidade. O exemplo de autor pouco de fiar é, usualmente, o grego Estrabom; por usar informaçom de terceira mao —nunca estivo na Península—, ter o propósito de denigrar os indígenas para justificar o imperialismo romano e falar de cántabros, ástures e galaicos como umha mesma cousa sem que se chegue a saber de certo cando fala duns e doutros ou de todos juntos. E case todo é certo, mas nom é Estrabom quem di os galaicos serem celtas.

Poucos destes autores molestam-se em comentar as notícias que dá Plinio, este si, considerado um autor solvente. Estamos a falar dum científico que morreu por se achegar de mais ao Vesúbio para observar a erupçom do ano 79, assim que… de fabular pouco. Foi procurador na Tarraconense no ano 73 e descreve com detalhe as práticas mineiras dos romanos nas Médulas —de feito é a fonte que se cita para explicar As Médulas e o Monte Furado—. Está claro que tivo oportunidade de conhecer a Gallaecia e provavelmente assim o fixo. No peor dos casos, tivo que conhecer oficiais e magistrados com experiência de servirem nestas terras. Para acabar, naceu em Como, na Galia Cisalpina e foi militar na Gália e procurador na Narbonense antes de vir á Tarraconense. Já que logo, sabia reconhecer um celta cando o tinha diante. Pois este é o autor que fala de célticos na Galiza actual. Para os que negam a celticidade da Gallaecia, melhor nom ter em conta os seus dados.

No livro III da Historia Natural di que no convento lucense estám os povos dos celtici e os lebuni ademais de outros dezaseis com nomes bárbaros que nom se molesta em nomear. No livro IV discute a situaçom dos ártabros e os arrotrebas (junto ao promontório céltico) e noutra parte cita vários desses povos do convento lucense, que nom nomeou no livro III: egovarri, iadoni, arrotrebas, tamarici, etc identificando os celtici cos neri.

Em nengum momento desta enumeraçom distingue Plinio os célticos dos outros povos do convento lucense por língua ou costumes. Mentres que, no començo do convento bracarense, si diferencia aos heleni, grovii e a fortaleza de Tyde como relacionados cos gregos.

Plinio concorda com Mela (Balboa 2007: p. 24-27); quem tampouco separa aos célticos dos seus vizinhos seja por cultura idioma etc. Cousa que si fai cos grovii ao relacioná-los cos gregos.

Esta mençom dos gregos é suficiente para que se considere a Plinio —e ao resto de autores clássicos, porque todos o mencionam dum geito ou outro— como uns fabuladores (de la Peña 2003: p. 12) e isso cando se fai referencia a eles. Calo considera a Plinio e Mela autores fiáveis mas nom fai mençom de que os dous falam de celtas na Galiza (Calo 1993: p. 28).

O nome dos celtas

Xaverio Ballester fai derivar o nome dos celtas e dos gálatas (Ballester: 2002) da raiz galas (extrema) que se conserva em lituano. Umha das tribos dos antigos prussianos era a dos galindios (Wikipedia.com Galindians) que significaria os da fronteira. Hai dous grupos diferentes: um na Prússia Oriental e o outro na bacia do rio Okha nas cercanias de Moscova (wikipedia: galindian).

Celtas ou célticos, por tanto, significaria “os do extremo”. O que explicaria os nomes do Finisterre bretom, o Land´s End da Cornualha, e o nosso Fisterra —promontorium celticum para Plinio— (Ballester 2002: p. 310).

Os celtici de Fisterra, os do Guadiana e os Celtiberos ocupan os três extremos do triángulo da chamada Hispania indoeuropea, ou mais bem celta. Na Gran Bretanha nom consta nengum povo com esse nome, mas no Land´s End de Cornualha viviam os cornovii e outros cornovii na pumta Norte da Escócia (Buchanan 2.37). A sua disposiçom semelhante á de celtici e celtiberos na Península permite supor que esse nome é equivalente que o dos celtici.

Ballester considera que “galo” vem da mesma raiz e teria o mesmo significado. Aí discrepamos pola correlaçom coa palavra gall (extrangeiro) que no irlandês antigo e moderno usa-se soa ou composta (finngall, extrangeiros brancos, os noruegos; dubhngall, extrangeiros negros, os daneses).

Tendo em conta a cita de César que se comentou no artigo anterior (os que nós chamamos galos chamam-se a si mesmos celtas) entendo que gall [gal] era a raiz usada nas línguas celtas para referir-se aos extrangeiros.

Que os galaicos acabem sendo chamados coa palavra que usam para os extranxeiros nom é tan raro como pode parecer. Um exemplo: os romanos chamaron gregos aos helenos, que nunca se chamaram assim a eles mesmos. Na nosa época o caso de Gales/galês que procedem do inglês welsh que significava extrangeiro. O nome dessa naçom no galego deberia ser Cambria.

Céltigos e Galegos

Por tanto os galaicos seriam populaçons extrangeiras na Galiza que, pola Teoria da Continuidade Paleolítica, corresponderiam-se cos colonos neolíticos. Esperariamos atopá-los em zonas favoráveis para a agricultura: fondos de val e chairas da beiramar. O caso dos galaicos na foz do Douro encaixaria bem com este modelo. Como tamém encaixariam os grôvios do Baixo Minho que, segundo Plinio, deviam todo aos gregos.

Asimesmo hai na Galiza lugares co nome Céltigos, que se adoitam interpretar como enclaves de populaçom celta rodeados de vizinhos doutras etnias. Um repasso ao mapa deixa claro que nom é assim. Os casos que figuram no mapa da Galiza (Mapa 1/250.000 de 1986 mais índice de topónimos):

  • Vilar de Céltigos (Santa Comba). Nom hai nada perto del que explique o nome. Mas Vilar indica que se trata dumha fumdaçom medieval. Seria bom sabermos a orige do topónimo.
  • Céltigos (Ortigueira). Dum lado está o cabo Ortegal, que se poderia interpretar como “porto dos extrangeiros” —mas a forma ort para porto é hipotética—. Do outro lado está o porto de Bares que puido ser umha fundaçom fenícia .
  • Céltigos (Frades). Está próximo da parróquia de Galegos.
  • Céltigos (Sarria). Está próximo da parróquia de Galegos, separadas polo rio dos Galegos.

Nos dous casos Céltigos está numha chaira e Galegos num outeiro sobre o rio, num val fluvial. A mesma situaçom que outro Galegos na Fonsagrada, ainda que este nom tem um Céltigos perto del.

Propomos interpretar Galegos como extrangeiros —a outra opçom é que fosem mais galegos que ninguém—. Seguindo a TCP os céltigos seriam a populaçom local, asentada desde o Paleolítico e, por tanto, os galegos seriam grupos chegados no Neolítico para ocuparem as terras mais ajeitadas para a agricultura.

Esta hipótese explica, a mais destes pequenos assentamentos, a presencia dos Galaicos do Porto e os Grôvios do Baixo Minho. Ambos os povos assentados nas chairas aluviais, moi férteis, da foz dos dous maiores rios da Gallaecia.

A genética da Fachada Atlántica

Para umha introduçom á genética ver o primeiro artigo desta série. Nel vimos que hai três linhages masculinas na Europa Ocidental que remontam a antes da agricultura: R1b, I e mais R1a. Hai três fontes principais sobre os movementos de populaçom na Fachada Atlántica:

  • O livro de Brian Sykes Blood of the Isles (Sykes 2006).
  • O trabalho de Daniel Bradley e a sua equipa: The Longue Durée of Genetic Ancestry: Multiple Genetic Marker Systems and Celtic Origins on the Atlantic Facade of Europe (McEvoy et al 2004).
  • O livro de Stephen Oppenheimer: The Origins of the British (Oppenheimer 2006).

Estes três trabalhos coincidem em sinalar as semelhanças entre as populaçons dos países celtas das Ilhas: Irlanda, Escócia, Gales, Cornualha, Ilha de Man e mais o Oeste de Inglaterra. Estas semelhanças alcançam aos outros territórios da Fachada Atlántica: a Bretanha, a Galiza, o norte da Espanha etc. Pola contra, mostram diferenças claras coa Inglaterra anglo-saxona (o Centro e o Leste) e os países germánicos do centro da Europa (…).

Alberto Lago Villaverde

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